Sobre o método:

O empirismo é descrito-caracterizado pelo conhecimento científico, a sabedoria é adquirida por percepções; pela origem das idéias por onde se percebe as coisas, independente de seus objetivos e significados; pela relação de causa-efeito por onde fixamos na mente o que é percebido atribuindo à percepção causas e efeitos; pela autonomia do sujeito que afirma a variação da consciência de acordo com cada momento; pela concepção da razão que não vê diferença entre o espírito e extensão, como propõe o Racionalismo e ainda pela matemática como linguagem que afirma a inexistência de hipóteses.

por Wikipedia

segunda-feira, 29 de outubro de 2012


Facetas do terceiro princípio (Sat, Saturno, Satã)




OM TAT SAT. A Unidade Suprema é composta de três princípios. O prefixo SAT (hindu), que em sânscrito significa “existente, real, essência” aparece também em “Saturno”, que na Árvore da Vida refere-se à terceira esfera que tem o nome Binah, a Compreensão. Binah, o terceiro princípio da Unidade, é a vastidão da existência, o Grande Mar cósmico. A imagem de Binah é de uma Matrona, a Mãe obscura, sua cor é o negro, o que remete ao próprio universo (espaço) e expõe a faceta feminina (passiva, magnética, gravitacional) dessa manifestação (ou saturação).

Binah (Saturno) é como a própria “Manifestação” pode ser entendida, ela organiza (satura) o sopro caótico do segundo princípio (Chockmah). É entropia, organização, formação. É a consequência da Força; ou o próprio tempo em ação: Uma idéia (1), colocada em prática (2) começa a sofrer os efeitos do tempo (3). Eis a trindade viva. Saturno rege toda formação através do tempo, portanto, é Deus tanto da Vida como da Morte. Algo vivo, ao mesmo tempo que nasce, começa a morrer. Eis a ação do tempo. Binah se opõe ao princípio caótico que tudo permeia (Chockmah) e antecede o estabelecimento (quarto princípio), a quarta esfera de nome Chesed (Misericórdia/Júpiter), pois não há prosperidade sem a conquista do tempo ou das qualidades saturninas. O Deus grego Cronos (Saturno para os Romanos) torna-se o senhor do céu castrando seu pai utilizando uma foice. Nota-se que o símbolo que representa Saturno assemelha-se a própria foice que Cronos carrega.

De Cronos aos Cornos



Na astrologia, Saturno é quem rege Capricórnio, o Bode. É o signo da disciplina e responsabilidade. Rege a forma, através da paciência, ou seja: do controle do Tempo. O bode traz à tona características diabólicas, lembramos dos chifres  e da postura severa. Satã, que carrega as mesmas qualidades demoníacas (e possui o prefixo SAT), tem sua origem no nome islâmico Shaitan, cujo significado é Adversário. Ora, qual o nosso maior adversário senão o próprio Tempo. Saturno, regente de capricórnio, sempre foi o vilão da astrologia, indica onde nos sentimos menos seguros.

O bode sente-se à vontade nos cumes, saltitante. Uma montanha só pode ser escalada com disciplina e paciência (qualidades capricornianas). O bode no topo da montanha é, portanto, a imagem da conquista da sabedoria (Compreensão/Entendimento/Binah). É o princípio do aprendizado, que só pode ser concluído mediante o passar do tempo. Diz-se que lições aprendidas através de Saturno nunca são esquecidas. Perpetuidade é outra particularidade capricorniana.

No tarô, tem-se o trunfo XV como o Diabo. A correspondência na Árvore da Vida para a carta é o caminho que une Tiphareth (Beleza) à Hod (Glória). Em suma, Tiphareth é a consciência humana, Hod é a razão. Tal caminho representa a ligação de algo essencial e sutil à sua própria racionalização. Nesse sentido, O Diabo (XV) é a força que começa a dar forma a algo ainda puro, como uma idéia (bela/harmônica/funcional), colocando-a em vias de sua materialização. No centro de sua cabeça de bode, o Diabo porta o pentagrama invertido. O símbolo faz referência aos cinco elementos, e na forma invertida mostra o elemento mais sutil, o espírito (akasha), no vértice mais baixo. É o espírito colocado na posição mais baixa, o sutil aprisionado em forma, o anjo caído. O tremendo esforço em trazer o sutil para o denso infere também à grande disciplina e perseverança do bode que alcançou o cume da montanha conquistando-a.

O trunfo XV tem um homem e uma mulher acorrentados ao próprio Diabo. Anteriormente ficou explícito que Saturno, como senhor do Tempo, é Deus tanto da vida como da morte. Isso remete às qualidades capricornianas muito bem explicadas por Crowley: “A fórmula desta carta é então a completa apreciação de todas as coisas existentes. Ele se regozija no áspero e no estéril não menos do que no suave e no fértil. Todas as coisas o exaltam igualmente. Ele representa a descoberta do êxtase em todo fenômeno, não importa quão naturalmente repugnante; ele transcende todas as limitações; ele é Pã; ele é Tudo”. Pã é outro Deus grego com características saturninas/capricornianas, metade caprino e metade humano. Assim como Saturno (Cronos), Pã é tanto o progenitor como o devorador das coisas, é a própria personificação da Natureza, tem os dois pólos “acorrentados” em si mesmo (como o Diabo do trunfo XV do Tarô).

A letra hebraica referente ao mesmo caminho ou trunfo é a letra Ayin que significa olho. Ora, qual o processo de percebermos as formas senão pelo olhar, pela visualização. Os contrastes do claro e escuro, do novo e do velho, do sutil e do denso, são percebidos pelo olhar; que é neutro em sua função, pois a luz que nos propicia a visão pode também ofuscar, assim como a escuridão que oculta um tesouro valioso pode nos deixar sem rumo.

O Diabo é o grande responsável por dar forma às nossas vontades, formular nossos objetivos, por elaborar nossas intenções, racionalizando-as tendo em meta sua materialização. Assim, todo processo que tange o racional passa pelas mãos do Diabo. Todo plano é diabólico.

O Diabo como símbolo do mal


“Eu me alimento nos nomes do Altíssimo. Eu esmago-os em minhas mandíbulas eu evacuo do meu fundamento. Eu não temo o poder do Pentagrama, pois sou o Mestre do Triângulo. Meu nome é trezentos e trinta e três que é três vezes um”.  
10º Æthyr A Visão e a Voz - Liber 418

No século XVI, Edward Kelley (médium) e John Dee (matemático, astrônomo, astrólogo, geógrafo e conselheiro particular da rainha Elizabeth I) desenvolveram um sistema de invocações onde consta um ser denominado Choronzon. Posteriormente, no início do século XX, Aleyster Crowley, estudando e praticando esse sistema define Choronzon como representação da dispersão através do ego.

“Pensaste, Ó tolo que não existem fúria e dor que não façam parte de mim ou qualquer inferno além deste meu espírito? Imagens, imagens, imagens, todas descontroladas, todas irracionais. A malícia de Chorozon não é a malicia de um ser; é a qualidade da malicia em si, pois ele que se ostenta com o "Eu sou Eu" não tem ninguém e estes são os caídos ante meu poder, os escravos do Cego que alardeou ser o Iluminado. Porque não há centro, nada além da Dispersão”.

                                                                               10º Æthyr A Visão e a Voz - Liber 418

Essa ideía pode ser entendida observando o próprio sistema filosófico proposto por Crowley que diz que a Lei do novo aeon (época em que vivemos hoje) é regida por “Amor sob Vontade”. Nesse sentido, uma tradução (hermética) conveniente para Amor pode ser: “unir o que está separado”. Já a Vontade pode ser entendida como o “foco em algum objetivo”. Dessa forma, um ato de desamor seria o mesmo que “preservar o separado”, o “não unir-se”. É o próprio Ego, que tem o individualismo como parte de sua essência. Agora a perda de foco em algum objetivo, a falta de (força de) Vontade se enquadra perfeitamente na ideia de Dispersão. Assim é desvendado o âmago desse ser maldito que é a verdadeira representação do mal, pois nota-se que a quebra do “Amor sob Vontade” dá-se pela “Dispersão em si mesmo” que é a própria natureza de Choronzon. 

Referências:
Aleyster Crowley - O Livro de Thoth
Aleyster Crowley - A Visão e a Voz - Liber 418
Dion Fortune - A Cabala Mística
Adriano Camargo Monteiro - Sistemagia
Sallie Nichols - Jung e o Tarô
Marc Macevers - Curso básico de Astrologia 
yogadevi.org  - Vocabulário Yoga-Sutra
ocultura.org.br